Lembranças - Mirella Lima
Sinto falta daquele cheiro de mato, da terra molhada em dias de chuva e das brincadeiras infantis.
Lembro-me da família reunida, na sala de casa, aquela sala imensa e todos em volta do piano escutando minha bela e meiga mãezinha tocando fascinação.
Como era sublime esse programa em família, recordo – me que naquela época já dava sinais de meus dons, pois amava dançar ao som de fascinação pela sala, vestida com saia bem longa que era da minha mãe e rodopiava pela sala, parecendo pisar em nuvens.
Recordo-me da infância com sorriso nos lábios, preenchendo meu peito de esperanças e felicidade, analiso como teria sido meu hoje se tivesse seguido por outros caminhos.
Escuto como se fosse hoje aquela voz suave dizendo, essa menina vai ser artista, só sabe aprontar, quando crescer vai ter muito que aprender.
Sábias palavras eram aquelas, realmente cresci, sempre aprontando, rompendo tabus, sem medo do dia seguinte e virei artista sim, mas artista sem platéia.
Aprendi a representar a vida em forma de poesias, descrever sentimentos em prosa e verso.
Pinto com as cores do arco iris, danço o lago dos cisnes, desenho a mão livre e esculpo corações.
Entalho as madeiras frias deixando criar emoções.
Sou artista sem rosto, sem platéia, mas penso o que teria sido se seguisse conselhos que me foram dados.
Prendo-me nesses pensamentos tentando adivinhar, tentando visualizar, impossível.
Sou eu mesma, sou artista sem pudor, sou menina e flor, sou mulher e amor.
Se estou triste escrevo compulsivamente, se estou feliz escrevo descontroladamente e se estou em paz escrevo plenamente.
Vivo intensamente o que crio, crio com intensidade o que vivo.
Sou mulher inteira, sou artista e faceira, busco na trilha da vida encontrar inspirações, para escrever sobre novas emoções.
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Beijos no coração de todos, hoje estou saudosa demais, sentindo falta da minha vidinha que se foi, mas que está presente em minhas lembranças e sonhos.
