Escrava da Lua

Escrava da lua - Mirella Lima

Estranho seria dizer que não amadureci, pois a vida de formas abruptas nos mostra caminhos a seguir.
Observe a lua, estática na noite, mas estática para nós, pois ela gira e a cada volta uma nova vida renasce, um novo coração se entrega e uma vida velha perece.
Hoje sou prova da minha existência sofrida e máscara dos anos passados.
Minha alma pura perdeu-se um dia em meio aquele toque.
Minhas entranhas foram rompidas por ti, vermelhidão, prova simples e discreta de uma entrega pura e consciente.
Mas tivemos uma testemunha desse ato
Sim!!! ... Apenas uma testemunha, a lua... calada.
A mesma que hoje me condena cada vez que a observo.
Condena-me, pela imaturidade de ontem e por não saber ainda usar a maturidade de hoje.
Recrimina-me lua!
Lança sua luz sobre meu corpo, clareia minhas noites para que eu jamais esqueça a leveza daquele ato sublime.
Meu corpo desnudo abaixo de ti, sendo rompido e devorado, meus gemidos descontrolados e tu quieta me observando.
Vem testemunha silenciosa!
Condena-me ou liberta-me, mas faça com que meu peito siga guardando as lembranças.
Oh Lua!
Que eu consiga um dia desnudar - me novamente diante de ti e te mostre o quanto aprendi